Esta foi uma questão que me perseguiu por algum tempo. Até eu perceber que a maternidade não me definia. Era só mais dos diferentes papéis que eu exercia e coexistia com os outros.
No próximo domingo, 08/05, comemoraremos, aqui no Brasil, o Dia das Mães. Só que quantas vezes paramos para pensar que mães também são mulheres, e que estas mulheres vivem em um conflito constante entre o tesão e a imagem de pureza e santidade criada pela sociedade?
Quantas vezes consideramos que estas mesmas mulheres também são rotuladas o tempo todo e vivem sob o peso de expectativas, modelos e padrões? Que carregam em si um repertório de cobranças: sobre seus corpos, seus comportamentos, suas rotinas?
Ser mulher e mãe gera traz tantas mudanças, que muitas de nós tem como companhia diária o medo e a insegurança.
Eu, como mãe e mulher, já me vi em muitos momentos de dúvidas. E muitas vezes me perguntei, como inserir a sexualidade na minha rotina? Eu posso?
Quantas vezes tive a certeza que sexualidade não era para mim? Muitas.
Até parar para estudar e entender mais o assunto. Começando pela definição de sexualidade da OMS (Organização Mundial de Saúde) que diz que:
Sexualidade é uma energia que nos motiva para encontrar amor, contato, ternura e intimidade; e integra-se no modo como sentimos, movemos, tocamos e somos tocados, é ser-se sensual e ao mesmo tempo ser-se sexual. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental. Então, estabelece a OMS, se saúde é um direito humano fundamental, a saúde sexual também deveria ser considerada um direito humano básico.
Quando me deparei com esta definição entendi que sim, sexualidade é para mães. É para todos.
Onde estava o problema então?
Além da imagem distorcida, de pureza e santidade, construída pela sociedade vejo duas grandes questões.
A primeira é a cobrança a respeito do padrão de nossos corpos. Vivemos em uma sociedade que estabelece padrões irreais de corpos femininos. Magros, sem barriga, sem estrias ou celulites. Esta não é a realidade de uma mãe, o que faz com que muitas vezes a gente fique pouco confortável com nossas novas curvas, nossas novas formas.
É difícil aceitar nossa autoimagem e, claro, isso prejudica nossa vida sexual.
Torna-se então fundamental trabalharmos este aspecto e adotarmos estratégias que nos ajudem a aceitar a nossa imagem, a ficarmos mais confiantes. E não estamos falando de dietas ou cirurgias plásticas. Estamos falando de mudar nosso olhar.
Ao invés de sermos cruéis conosco precisamos ser nossas primeiras admiradoras. Assumir que cada corpo é único e que as marcas que carregamos contam a nossa história. E assim, viver a nossa realidade.
Este é o processo de aceitação. Bonito, assim, no texto. Na prática, não é fácil e exige muita desconstrução de valores e expectativas. Só que ele é necessário e vale a pena.
A segunda é a multiplicidade de papéis e a exaustão que passa a nos acompanhar. Afinal, na grande maioria dos casos, cabe a nós, mulheres, os cuidados e responsabilidades quanto ao bem-estar das crianças, em uma dedicação quase extrema, fazendo com que terminemos nosso dia de mulher-profissional-mãe totalmente exausta.
E este dia a dia intenso, com stress, cansaço e cobrança levam nossa libido pro chão. E lá se vai a sexualidade novamente.
Tem solução? Talvez. Entendo que podemos trabalhar em algumas mudanças de comportamento. Começando por ser mais flexível, principalmente conosco. Ninguém será como nós, principalmente no cuidado com os filhos, então precisamos desenvolver a flexibilidade e a confiança. Não será como faríamos, e será o melhor que a outra pessoa puder fazer. Só assim conseguiremos construir uma rede de apoio que permita uma redução da sobrecarga.
Depois entendendo que não existe perfeição. Vamos errar, vamos perder o controle sobre algo e as coisas não saírão sempre como esperavámos. E tá tudo bem. Temos que nos permitir isso.
Devemos entender que é normal aceitar meio termos, no lugar de querer o tudo ou nada. Que é saudável dar pequenos passos.
Neste dia das mães, o que eu desejo para você que é mãe é que você se reconheça, que lembre de si mesma, que crie tempo para cuidar de si. Ainda que sejam 5 minutos por dia. Ou um banho mais longo por semana. Por que a maternidade não deve e não pode suprimir a sua autoestima e a sua busca pelo prazer.
Para te ajudar, deixo aqui um infográfico com 5 dicas aplicáveis no seu dia-a-dia.
E também o link com a história de duas mães, mulheres, que decidiram reencontrar sua sexualidade.
E para você que não é mãe, meu desejo é que você lembre que está tudo bem – não existe certo ou errado. Existe a sua vontade e só você sabe qual caminho seguir.
Um beijo!
Tâmara Wink
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