No decorrer da história vários mitos foram criados com relação à sexualidade e hoje, nossa querida parceira, Dra. Joice Lima, fala mais sobre eles.
Um mito é uma narrativa de teor fantástico e simbólico. Algo ou alguém, cuja existência não é real ou não pode ser comprovada. E vai sendo transmitido às gerações posteriores como verdades, não sendo muitas vezes questionado.
No decorrer da história vários mitos foram criados com relação à sexualidade, ora para explicar o que não conseguiam cientificamente entender, ora como forma de controle da sociedade.
Muitas Disfunções Sexuais podem trazer na sua gênese a presença de alguns desses mitos, que associados à falta de uma verdadeira Educação Sexual, geram sofrimento ao indivíduo e limitações na vivência de uma Sexualidade plena e saudável.
Vamos conversar sobre esses mitos?
“Mulher é fogão a lenha e homem é fogão à gás?”
Durante toda nossa vida fomos ensinados a pensar assim, mas na verdade nosso organismo está naturalmente preparado para o sexo. O que acontece é que o homem, desde tenra idade é criado para pensar em sexo e mostrar sua masculinidade e sua potência através da Sexualidade. Isso faz com que o homem lide muito melhor com seu corpo e seu prazer. As mulheres, ao contrário, são criadas de forma reprimida, não podendo conhecer seu próprio corpo e nem manifestar sua sexualidade. Isso leva à criação de muitos bloqueios que irão dificultar e tornar mais lento na mulher esse processo de excitação e orgasmo. Quando a mulher se liberta dessas crenças que limitam o seu prazer e o exercício pleno da sua sexualidade, esse tempo diminui.
“Orgasmo vaginal é melhor que orgasmo clitoridiano? “
Não existem tipos diferentes de orgasmo. Orgasmo é um só. Existe diferença no local estimulado para se atingir um orgasmo. O clitóris é o principal órgão responsável pelo prazer feminino, sendo a região com o maior número de terminações nervosas no corpo da mulher. Mas é possível atingir o orgasmo com a penetração ou o estímulo de outras regiões do corpo, por exemplo mamilos, pescoço ou mesmo tornozelo. Nosso corpo é orgástico. E a intensidade do orgasmo pode variar de pessoa para pessoa e de uma relação para outra. Essa inervação do Clitóris se irradia para a parede anterior da vagina e por isso, em torno de 30% das mulheres têm orgasmo só com a penetração, pois o pênis toca essa região que corresponde à inervação do Clitóris na parede vaginal. Algumas posições podem favorecer um maior contato e facilitar o orgasmo só com penetração. 70% das mulheres só conseguem atingir o orgasmo se o Clitóris for estimulado diretamente, seja manualmente, por ela ou pelo parceiro, durante ou fora do momento da penetração , seja através de sexo oral ou uso de vibradores. Costumamos dizer que orgasmo precisa de dois “F” – FANTASIA E FRICÇÃO.
“A sexualidade acaba com a menopausa?”
Somos seres sexuais da concepção até a morte. Na menopausa temos alterações hormonais que podem levar à diminuição do desejo e ressecamento vaginal, diminuindo a lubrificação e causando dor na penetração. Essas alterações podem ser resolvidas com o uso da Reposição hormonal oral e/ou tópica. Mas o desejo vai muito além dos hormônios e depende da forma como essa mulher aprendeu a lidar com seu prazer durante a vida, de como ela encara esse processo de envelhecimento e a relação com o próprio corpo. Cada fase da vida tem sua beleza! A maturidade pode trazer uma maior liberdade de experimentar sensações novas e sem o risco de uma gravidez indesejada. Além disso, uma vida sexual ativa satisfatória, melhora a textura da vagina, evitando quadros de atrofia genital, produz substâncias que trazem sensação de bem estar ao organismo e fortalece o vínculo do casal.
“Se o homem falhar uma vez, vai falhar sempre?”
É comum que o homem falhe pelo menos uma vez na vida. Após os 40 anos, 50% dos homens vão ter falhas isoladas na ereção. Se essas falhas se tornarem frequentes, é preciso fazer uma avaliação médica. Fatores orgânicos como hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, obesidade, podem levar a alterações vasculares e nervosas no pênis, comprometendo sua função. Hábitos de vida como o uso exagerado de álcool e sedentarismo, também podem contribuir para a disfunção erétil. Uma vez que o homem falha, isso gera uma ansiedade tão grande, que o medo de falhar novamente provoca um estado de hipervigilância e antecipação de uma nova falha. É preciso quebrar esse ciclo de “Ansiedade de Desempenho” e entender que falhar uma vez é normal e não quer dizer que você irá falhar sempre. Isso não lhe fará menos homem. Importante cuidar da saúde geral, prevenindo essas doenças que podem sim levar à “impotência” sexual.
O homem deve satisfazer a mulher?
Na verdade, cada um é responsável pelo próprio prazer. O homem pode facilitar ou dificultar o prazer feminino, mas a mulher precisa se conhecer e buscar o seu próprio prazer. Quando uma mulher permite a si mesma conhecer o potencial de prazer do seu corpo e sabe o que gosta e o que não gosta no sexo, será mais fácil partilhar com o parceiro suas preferências e desfrutar de um prazer muito mais intenso.
E a lista de mitos não para por aqui! Refletir sobre eles nos permite conhecer mais sobre a nossa própria sexualidade. Deixo aqui um conselho:
Não encarem a relação sexual como uma corrida, onde temos que chegar a algum lugar. Vejam a relação como uma grande viagem, onde o principal objetivo é curtir a estrada!
Dra. Joice Lima – Ginecologista e Sexóloga
CRM-GO 7580 / RQE 3535 – 13679