Desde 1968, quando o filme “Se Meu Fusca Falasse” virou sucesso, conversar com tudo e todos é um desejo. Mas será que ele acontece na prática?
No momento em que escrevo este texto tenho exatamente 40 anos, 3 meses, 24 dias.
Paro para pensar na quantidade de vezes em que eu tive uma conversa realmente sincera com uma parceria sobre minhas preferências, limites, desejos e curiosidades sexuais.
Percebo como foram poucas, ainda que a minha lista de parceiras e relações possa ser considerada acima das médias já calculada para mulheres (que a título de curiosidade é calculada entre 8 e 10 por alguns estudos).
Entendo que não é a toa então que um dos motivos mais comuns para a separação de casais é a tradicional falta de diálogo, seguido da insegurança, que falaremos em outra oportunidade.
Não conversamos, ainda mais sobre sexo. Seja para não magoar o outro, seja para atender expectativas, seja para não enfrentarmos questões não resolvidas com nós mesmas.
É muito mais fácil seguir no automático, manter rotinas. Nosso cérebro é preparado para isso e temos informações demais nos bombardeando para pararmos para perguntar porque deitamos de um determinado lado da cama e damos sempre o mesmo selinho de boa noite, por exemplo.
Assim criamos o dia a dia, principalmente quando as relações tornam-se mais estáveis. Trocamos as conversas olho no olho por mensagens rápidas no celular. O beijo apaixonado, por selinhos. As noites de descoberta e exploração dão lugar a movimentos quase ensaiados e já conhecidos por ambos, afinal, o tempo é o maior aliado, e o dia seguinte espera com uma agenda cheia de compromissos.
Definitivamente, a rotina fecha a porta de muitas coisas gostosas.
E esquecemos de conversar. De desfrutar.
Também esquecemos que o diálogo é o caminho para entender e elaborar tudo que acontece e a chave para resolver quase tudo na vida.
E não é diferente quando falamos de sexualidade. Uma pesquisa norte-americana com 142 casais heterossexuais, que moravam juntos, com idades e tempo de relacionamento variados, investigou a como a comunicação sexual afetava a satisfação, usando uma série de perguntas. Os resultados apontaram que quanto mais um casal se arrisca a conversar sobre vários conteúdos sexuais, mais encontra uma dinâmica mais aberta, menos ansiosa e consequentemente mais satisfatória e prazeirosa para ambos.
E claro, as mulheres que se comunicavam mais, obtiveram mais orgasmos. Analisando a mesma pesquisa, a sexóloga Ana Canosa conclui:
“Seja responsável pelo seu próprio prazer, comunicando-o às suas parcerias. Acabou a era da bola de cristal. E se o seu parceiro se fechar para a comunicação, repense essa relação.”
O que eu totalmente concordo e acrescento. Não se compare. Crie sua própria história. Elabore sua dinâmica. Entenda como você se sente confortável. Só não se prive de falar. Nunca.
Ah, e como o humor também é uma ótima maneira de encarar a vida, termino com este episódio da série Amor Verissimo, baseada no livro homônimo, desejando que cada uma de nós consiga mudar suas realidades e conversar cada vez mais.